A campina passa
Pela minha rua.
Vai cheia de graça
Alegrar a praça
Que parece sua.
Bons olhos te vejam
Na rua a passar.
Que teus passos sejam
Os que mais desejam
Vir aqui morar.
O teu andamento
Eu fico a olhar.
Cabeça de vento
É temperamento
Que sonho beijar.
Já no outro dia
À luz do luar.
Tua companhia
Traz a alegria
Para me alegrar.
Mas se te não vejo
Passar nesta rua.
Sinto o desejo
De deixar um beijo
À ausencia tua.
Lá vai a campina
Meu amor primeiro.
Alma tão traquina
Que já desafina
O meu corpo inteiro.
Ao ver-te passar
Meu rosto sorri.
Posso não falar
Mas fico a gostar
De olhar p'ra ti.
No chapéu ao lado
Penas de pavão.
Blusa de riscado
Que tem guardado
Tão bom coração.
Quem me dera tê-lo
Na palma da mão.
Poderia vê-lo
Para convencê-lo
Da minha paixão.
Aqui do postigo
Olhando p'ra ti.
Preso neste abrigo
A sonhar contigo
Foi que eu morri.
A campina passa
Vai de alma nua.
Já não tem a graça
D'alegrar a praça
D'alegrar a rua.
No seu peito a dor
Venceu a Beleza.
Morreu-lhe o amor
Perdeu esplendor
É uma tristeza.
Ao chorar contigo
Este pesadelo.
Por ser teu amigo
Fecho o meu postigo
Nada mais é belo.
Querida campina
Desta minha terra.
Alma bela, fina
De mulher ladina
Emblema da Erra.
José Diogo Júnior
Por motivos alheios à vontade de quem editou o meu livro Ecos da Erra Velha, este poema ficou "amputado".
ResponderEliminarFoi pena.
O autor