sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Quem Sou

Sou um homem de 62 anos, nascido e criado na pequena Vila Nova de Erra, Coruche, onde fiz a escolaridade obrigatória da época, ou seja: A quarta classe.
Trabalhei dos 11 aos 60 anos, fiz a guerra colonial em Angola e vivo na Alemanha à mais de 37 anos.
Apesar de viver no estrangeiro à tantos anos, amo a minha terra acima de todas as outras.

Erra Meu Amor

Na minha juventude, antes de ter saído
Da minha hospitaleira Vila Nova
De Erra, achei esta saudade que renova
Meus laços de amor a este chão florido.

Semeei campos infindos como prova
De amor a esta terra, merecido
Prémio, por nela terem nascido
As flores, onde o poeta busca a trova.

Assim, "andarei por toda a parte"
Buscando novas formas amorosas
De encher as tuas ruas de saudade.

E quando encontrar a felicidade
Farei deste amor um mar de rosas,
Se p'ra tanto tiver "engeno e arte".

José Diogo Júnior

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A Campina

A campina passa
Pela minha rua.
Vai cheia de graça
Alegrar a praça
Que parece sua.

Bons olhos te vejam
Na rua a passar.
Que teus passos sejam
Os que mais desejam
Vir aqui morar.

O teu andamento
Eu fico a olhar.
Cabeça de vento
É temperamento
Que sonho beijar.

Já no outro dia
À luz do luar.
Tua companhia
Traz a alegria
Para me alegrar.

Mas se te não vejo
Passar nesta rua.
Sinto o desejo
De deixar um beijo
À ausencia tua.

Lá vai a campina
Meu amor primeiro.
Alma tão traquina
Que já desafina
O meu corpo inteiro.

Ao ver-te passar
Meu rosto sorri.
Posso não falar
Mas fico a gostar
De olhar p'ra ti.


No chapéu ao lado
Penas de pavão.
Blusa de riscado
Que tem guardado
Tão bom coração.

Quem me dera tê-lo
Na palma da mão.
Poderia vê-lo
Para convencê-lo
Da minha paixão.

Aqui do postigo
Olhando p'ra ti.
Preso neste abrigo
A sonhar contigo
Foi que eu morri.

A campina passa
Vai de alma nua.
Já não tem a graça
D'alegrar a praça
D'alegrar a rua.

No seu peito a dor
Venceu a Beleza.
Morreu-lhe o amor
Perdeu esplendor
É uma tristeza.

Ao chorar contigo
Este pesadelo.
Por ser teu amigo
Fecho o meu postigo
Nada mais é belo.

Querida campina
Desta minha terra.
Alma bela, fina
De mulher ladina
Emblema da Erra.

José Diogo Júnior